Mulher de 27 anos deve ser solta nos próximos dias.
Meriam Yahia Ibrahim Ishag chegou a dar à luz menina ainda na cadeia.
A sudanesa cristã de 27 anos condenada à morte por se
converter ao cristianismo será libertada nos próximos dias, anunciou neste
sábado (31) fontes das Relações Exteriores.
Meriam Yahia Ibrahim Ishag foi condenada à morte em 15
de maio em virtude da lei islâmica vigente no Sudão desde 1983,
que proíbe as conversões religiosas.
"A mulher será libertada nos próximos dias,
segundo os procedimentos legais que serão aplicados pelo poder judicial e o
ministério da Justiça", declarou Abddullah Al Azraq, um subsecretário da
chancelaria sudanesa, contatado por telefone em Londres, sem dar maiores
explicações.
Também não se sabe se as acusações serão arquivadas.
Poucas horas antes, o primeiro-ministro britânico David
Cameron havia falado com o governo sudanês que anulasse a pena de morte.
Em 19 de maio, o governo britânico convocou o
encarregado de negócios sudanês em função dessa condenação.
Na última terça-feira (27), a sudanesa deu à
luz um bebê na prisão. "Deu à luz uma menina",
declarou à época o diplomata referindo-se a Meriam, filha de um muçulmano e
condenada em meados de maio.
Condenação
A condenação à morte da jovem por um tribunal de Cartum no dia 15 de maio provocou uma onda de indignação. Segundo os militantes de direitos humanos, a jovem permanece detida na prisão para mulheres de Ondurman com seu primeiro filho de 20 meses.
A condenação à morte da jovem por um tribunal de Cartum no dia 15 de maio provocou uma onda de indignação. Segundo os militantes de direitos humanos, a jovem permanece detida na prisão para mulheres de Ondurman com seu primeiro filho de 20 meses.
"Demos três dias para abjurar de sua fé, mas você
insistiu em não voltar ao Islã. Condeno-a à pena de morte na forca",
declarou o juiz Abbas Mohamed al-Khalifa, dirigindo-se à mulher pelo sobrenome
de seu pai, de confissão muçulmana.
Antes do veredicto, um chefe religioso muçulmano
tentou convencê-la a voltar ao Islã, mas a mulher disse ao juiz: "Sou
cristã e nunca cometi apostasia".
Meriam Yahia Ibrahim Ishag (seu nome cristão) também
foi condenada a cem chibatadas por adultério.
Segundo a Anistia Internacional, Ishag foi criada no
cristianismo ortodoxo, a religião de sua mãe, já que seu pai, muçulmano, esteve
ausente durante sua infância. Posteriormente, a jovem se casou com um cristão
do Sudão do Sul.
Segundo a interpretação sudanesa da sharia (lei
islâmica), uma muçulmana não pode se casar com um não muçulmano.
Se a pena fosse aplicada, ela seria a primeira pessoa
punida por apostasia em virtude do código penal de 1991, segundo o grupo de
defesa da liberdade religiosa Christian Solidarity Worldwide.